sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A QUEDA - ALBERT CAMUS


   Depois das duas postagens anteriores, em que fiquei frustrado pelo lixo que li. Achei uma pedra de brilhante!!! Talvez esse seja o livro mais perfeito e inteligente que já li em minha vida. A sinopse é um pé-no- saco: é um depoimento de um jovem advogado francês que vê uma mulher se suicidar, jogando-se no rio Sena; a princípio ele ignora. Mas, mais tarde, ele se arrepende. E justamente o monólogo que ele faz no bar e que o leitor "conversa" com ele, é sobre isso. Aí, me perguntam: se a sinopse é inútil, por que leria o livro? Porque as "micro-histórias" contadas no livro pelo "Juiz-Penitente" (Protagonista) são fortes e tocantes. 
   Junto de Jean-Paul Sartre, ele foi um dos precursores do existencialismo. Uma rede filosófica que "só" explica toda a civilização contemporânea. Justamente o ser humano estar passível a tudo e ainda, vulnerável. Falar sobre existencialismo aqui faria você, prezado leitor, me dar uma coça. Seria umas 600, 700 linhas. Eu não quero isso!!! Tenha certeza. Mas preciso dizer que o livro é muito poderoso. Cada episódio narrado bate em sua cara como uma bofetada. E como mulher de malandro, o leitor, não consegue parar de apanhar... quer dizer, ler. O existencialismo de Albert Camus tem um nome específico, chama-se de ABSURDO. Em que as situações são surreais e logo se tornam reais, convertendo-se em surreais de novo. 
   Por essa teoria do ABSURDO, Sartre entra em briga com Camus e os dois deixam de se falar. Transformando o existencialismo de forma que se espalhou pelo mundo (até no Brasil como, por exemplo, em Clarice Lispector, Guimarães Rosa... Mas aqui ainda não aprendemos digerir esse tipo de coisa, precisamos ler alta-literatura estilo "Crepúsculo").
   Albert Camus não é francês. Ele era um pobre-miserável argelino, filho de soldado morto na primeira grande guerra  e de uma espanhola que lavava roupa para fora (antigamente todo mundo fazia isso, já viu?). Aos dezoito anos teve de escolher entre estudar e trabalhar de tanoeiro (tá bom, vou dar uma colher de chá: tanoeiro é o profissional que faz barris. Desse modo, o "Aurélio" fica novo na estante da sala, né?). Ele escolheu estudar e deixar a família quase na beira da inanição. Aos 25 anos, foi para Paris onde instalou residência e começou, de fato, a escrever. Desde peças de teatro até artigos esportivos. Donde veio o primeiro romancete: " O Estrangeiro", "A peste", "Mito de Sísifo", tornando-se uma trilogia. Essas três obras fundam o "absurdo" que tanto pregava.  Para complementar as obras, escreve "A queda", obra que mostra um Camus mais experiente com a pena e mais despreocupado com os tabus sociais. Um Camus de esquerda, um Camus ateu, não ateu, enfim... Já desprezando sentimentos secundários. 
   A editora que li foi "Best Bolso". Uma letra tradicional (Times New Roman), tamanho doze e muito bem espaçado. A capa é  bem pensada e enrola nos dias úmidos (parece um canudo). Mas o preço é interessante. Além do que o livro é muito curto, mas os momentos de reflexão que terás ao parar numa página e sentir o horror, a ironia, o desprezo ao Ser jogado ao tudo, é longo. Vale a pena!!!


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