quinta-feira, 30 de agosto de 2012

NOITES BRANCAS - FIÓDOR DOSTOIÉVSKI

   


   

   Não pude deixar de iniciar com esse livro... Há grandes chances de você já ter lido aqueles romances russos (pé no saco) com 1500 páginas. É quase uma maratona terminar de ler aquele catatau. Experimente "Noites Brancas": apenas 90 páginas, fonte em caixa grande e com parágrafos bem dividos. Dostoievsky provou nesta pequena obra que o livro não precisa ser descomunal para ser bom, cativante e brilhante. 
   O psicologismo das personagens russas, porém, é bem presente. As ideias do introvertimento, as aspirações, os momentos da psiquê humana são revelados também na noveleta. Bem como os diálogos densamente planejados. Enfim, não é "Crepúsculo". Existe todo um enredo preparado pelo autor. Uma via muito interessante.
   O título se refere ao fenômeno extremamente comum no Norte do Planeta, em que as noites demoram a escurecer. Mas não é simplesmente isso... Essa situação também se refere ao pensamento da primeira personagem principal que é apenas denominada de "Sonhador" - um homem de meia idade que está completamente desiludido da vida (vai ver teve de enfrentar um governo Lula na sua época). Seus amores todos foram fracassados, sua vida foi fracassada!!! E para complementar as depressões surge Nástenka (há várias traduções), uma moça pobre, que vive com sua avó. A velha cega prende a menina com um alfinete ao seu vestido para que não fuja em busca de machos. Claro, não dá certo. Ela encontra esse homem num "miramar"  e começa a conversar sobre muitos assuntos com ele, que tanto se sente sozinho. Mas ela dispõe uma condição: ele não deve se apaixonar por ela, porque está prometida a um outro homem, bem apresentável e lindo (totalmente ausente na história)!  Se não tivesse acontecido, não teria final do livro. Ah, mas é aí que você se engana! O final é extremamente diferente daqueles felizes do lixo dos EUA. O final, sim, é triste e psicológico. Você se debate porque aquilo vai acontecer com os dois.
   Deixando a obra-magna de Dostoiévski - "Crime e Castigo" de lado (800 páginas frouxo), talvez esta singela e curta obra (considerada por alguns literatos um conto) seja uma das mais significativas e belas de literatura russa. O trabalho tem um magnetismo próprio do autor, afinal ele viveu uma história de amor parecida com essa, uma caricatura dos desgraçados de meia idade que não conseguem mais agarrar uma ninfeta. Esqueça aqueles romances altamente femininos, também conhecidos como "água-com-açúcar" que sua avó lia. Este romance dói ao ser lido. Mas ninguém resiste a ficar sem saber o final. Vale a pena mesmo!!!

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